Goste ou não do sorriso do senador Gim Argello (PTB), ele tem feito
muito mais para o Distrito Federal em termos de captação de recursos do
que toda a bancada de apoio ao governador Agnelo Queiroz (PT) na Câmara
Legislativa. Some as emendas e obras que tiveram sua intervenção e
compare. Vale o mandato. O problema do PT é que o apetite pelo poder
tornou-se uma obsessão pois nunca tiveram tanta mordomia na vida como
agora. Veja o custo de passagens e hospedagem nos hotéis mais caros da
Europa pagos com cartões corporativos, não só os personagens do governo
federal, mas sobretudo os do DF. Observe o roteiro de viagens dos
petistas. Invariavelmente passam por lugares turísticos na tradicional
“esticadinha”. Ninguém quer perder isso. Todos eles querem se aboletar
no poder ad eternum, por isso, qualquer pretensão que vai contra este
projeto será barrada.
Gim Argello nunca foi unha e cutícula com o PT, mas soube manter
relações civilizadas, conquistando inclusive a estima da presidente
Dilma Rousseff. Isso talvez seja o que mais dói no lulopetismo,
principalmente a Corrente Construindo um Novo Brasil, tendência
predominante no governo de Agnelo Queiroz. Por estar refém deste
grupo, o governador limita seus passos de negociação pragmaticamente,
avançando e recuando. Não é por nada que ele se cercou mais dos amigos
do que deste grupo. Só para recordar, os amigos de Agnelo foram os
primeiros a negociar a mudança de sigla deixando o PCdoB pelo PT. O
embaixador desta engenharia foi exatamente Chico Vigilante, ligadíssimo
ao então presidente Lula, que imaginava um personagem novo para a
disputa no DF. Este cidadão teria que ser de esquerda e acima de
qualquer suspeita. Agnelo, a princípio sofreu resistência da cúpula
nacional do petismo, mas acabou sendo ungindo. O resto da história,
todos sabem.
Agora, para se manter no Palácio do Buriti Agnelo tem que ampliar ou,
na pior das hipóteses, manter a atual configuração de alianças. É neste
figurino que o senador Gim se enquadra. Ele busca a reeleição, mas os
petistas querem também ter duas vagas majoritárias: governador e
senador. Fala-se em nos nomes de Geraldo Magela e Chico Leite. Claro que
é um jogo de se colar, colou. No fundo ambos querem é arrancar um
compromisso de que terão apoio para disputar a Câmara Federal, tanto
Chico Leite quanto Magela, por isso forçam a barra. O problema é o
seguinte: se o senador se cansar deste jogo e arrastar o vice-governador
Tadeu Filippelli (PMDB), juntamente com o grupo do ex-governador
Joaquim Roriz (sem partido) para uma outra chapa, adeus petismo no
Buriti. A não ser que um milagre traga de volta Rollemberg e Cristovam
para os braços de Agnelo.
Este cenário fomenta nos subterrâneos petistas a desconstrução do
senador Gim, tentando afastá-lo de qualquer negociação com Agnelo. Esta
turma sabe, ao contrário do que apregoa, que o senador é um homem
perigoso e que não será derrotado facilmente nas urnas. “Esta história
que eles espalham de que o senador não tem votos é uma balela. Basta
circular por Taguatinga, Samambaia, Recanto das Emas, só para ficar
nestas três cidades administrativas, para ver o quanto o senador é
popular e reconhecido. Se isso não é ter voto...”, lembra um veterano
marqueteiro que conhece Gim desde os tempos de deputado distrital. Este é
o temor dos petistas e seus aliados.
Foi só o senador se aproximar de um possível acordo com Agnelo, para
que as sombras se movimentassem emergindo com o processo que tramita no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), impetrado pelo PCdoB em 2006 pedindo a
cassação de do então senador eleito Joaquim Roriz e seu suplente Gim
Argello. “Não vejo como cassar o mandato de Gim por conta de um número
usado na época pela Caesb (156), conclamando os consumidores a
reclamarem sobre conta ou para solicitar algum serviço na estatal”,
lembra o suplente de Gim, empresário Marcos de Almeida. Com a mesma
confiança na justiça, Gim faz coro a ao colega.
Gim tem duas frentes de batalhas: montar uma equipe profissional e
costurar alianças. A primeira, conforme o Jornal Opção apurou, já está
quase concluída. A segunda frente ele está em plena negociação.
Detalhe: se os petistas esticarem muito a corda existe a possibilidade
de um plano B que pode ser imediatamente gestado. Quem viver verá.
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